Dia 22 de setembro é o "Dia Mundial Sem Carro"!
Bicicleta e transporte público. Parceria de sucesso no futuro da mobilidade em Sorocaba? O tempo dirá.
Neste ano, a data, celebrada dentro da Semana Nacional de
Trânsito, cai em um sábado.
Em Sorocaba, temos também agendado, o lançamento, o início das obras
do tão esperado BRT – Bus Rapid Transit, ou Transporte Rápido por Ônibus.
O Dia Mundial sem carro é uma data importante, celebrada a
muito tempo em outros países, alguns dos quais incentivam a aquisição de
veículos mais limpos, mas que ainda assim, sofrem as consequências do excesso deles
nas vias, algo que resulta em congestionamentos e emissões de poluentes acima do desejável.
Em 2017, por exemplo, Paris bateu o recorde de dias com o centro fechado a circulação de veículos em razão da concentração de poluentes. Uma moradora da cidade chegou a processar a Prefeitura por problemas de saúde em decorrência da poluição do ar.
No Brasil temos em vigor a Lei da Mobilidade Urbana que
estabelece a prioridade para o meio de transporte coletivo e o não motorizado.
Em Sorocaba, administrações anteriores, de forma acertada, investiram na
bicicleta como uma forma de realizar os deslocamentos.
Esse modal é o ideal para trajetos de até 8 quilômetros para
pessoas até 50 anos, e que além da fluidez, contribui para a melhoria da
qualidade do ar.
Sorocaba possui o sistema de uso compartilhado de bicicletas, de forma gratuita para usuários do transporte coletivo, e a integração entre eles é benéfica e utilizada por 30% dos usuários.
Uma pena que por razões ainda não bem esclarecidas, uma importante rota cicloviária da cidade, a ciclofaixa da Rua Paes de Linhares, que ligava a Zona Norte à Zona Industrial, foi extinta.
A extinta ciclofaixa da Rua Paes de Linhares quando ainda estava ativa. Conforme a tinta preta apaga, o "tapete vermelho" retorna e com ele, os ciclistas.
Como a remoção da ciclofaixa se deu através da pior forma possível, com a aplicação de tinta preta no pavimento ao invés da fresagem ou aplicação de uma camada de pavimento, ela está "retornando" e o uso dela a cada dia se torna mais intenso por parte dos ciclistas, fato esse que ratifica o equivoco que foi a retirada da ciclofaixa.
Agora chegou o momento da cidade direcionar o investimento para
o transporte público, sendo o BRT o projeto de maior relevância nessa área nos
últimos anos e pelo que se ouve pela cidade, as pessoas estão ansiosas para
conhecer como esse sistema irá funcionar, e nós também.
É bem provável que durante as obras para a implantação do
BRT, transitar de bicicleta na região será uma alternativa mais rápida que com
o uso do veículo automotor, resta saber como se dará o direcionamento das
ciclovias no curso da obra, pois elas estão localizadas no canteiro central da
avenida Itavuvú.
A escolha da data para início das obras provavelmente é
uma forma de chamar a atenção para os dois aspectos da mobilidade, a de deixar
o veículo em casa, e incentivar o uso do transporte coletivo, com a futura
oferta do BRT.
É importante que as pessoas entendam isso,
mas também precisamos que cada um de fato reveja a forma como realiza os
deslocamentos pela cidade.
De nada vale um transporte de qualidade, algo que muitos
alegam que se tivessem utilizariam mais, mas que posteriormente as pessoas
fiquem a esperar que os vizinhos, os amigos utilizem, pois na realidade não se
abre mão de utilizar o meio de transporte individual.
Ainda dentro da ótica do Dia Mundial sem Carro, é importante
destacar também que precisamos rever a cidade que desejamos. Fico assustado quando ouço que há previsão da implantação de mais de 30 mil lotes só na Zona Oeste da cidade, quase na divisa com cidades da região.
Para minimizar os impactos dessa nova investida no crescimento da cidade, a implantação do sistema VLT é apontada como uma solução, mas esse assunto é tema para uma outra postagem.
Precisamos de uma cidade mais 3C, Compacta, Conectada e Coordenada, do que uma cidade 3D,
Distante, Dispersa e Desconectada.
Uma cidade 3C incentiva que as pessoas deixem seus carros em
casa, que possam realizar suas atividades de trabalho, estudo, lazer, a curtas
distâncias e com a possibilidade de utilização de meios alternativos de
transportes.
Mais de 9 milhões de brasileiros demoram mais de uma hora
para chegar ao local de trabalho. O ideal seria que esse deslocamento levasse
no máximo 30 minutos.
Em Sorocaba, a medida que a cidade cresce, já temos pessoas
que estão nessa estatística de demorar mais de uma hora para chegar ao local de
trabalho.
Nesse contexto, não nos surpreende que muitos deixem de lado
a possibilidade de uso do transporte coletivo e busquem a aquisição do meio de
transporte individual, em especial a motocicleta, scooters.
Nossa torcida ao final, é que o sistema venha a suprir uma
necessidade da população e seja um diferencial importante.
As experiências com BRT implantadas no país, de acordo com o
que apresentou a série “Em Movimento” do Canal Globonews, tem deixado bem a desejar, a única exceção apresentada foi o BRT de Curitiba, mas que em
Sorocaba isso não aconteça.