Estudos apontam que 65% dos deslocamentos diários são realizados, pelo menos em parte, a pé.
Esse dado ratifica o argumento de que todos somos pedestres em algum momento do dia, mesmo que seja para colocar o lixo para o lado de fora de casa.
Apesar da importância que o ato de caminhar representa para a mobilidade urbana, as condições para que a caminhada ocorra com segurança e da melhor forma possível nem sempre existe.
Algumas localidades trabalham a questão, mas, diante da falta de recursos, as ações em sua grande maioria ficam restritas para a área central, sendo os bairros aqueles que mais sentem os efeitos da falta de cuidado, de planejamento para o conforto e segurança dos pedestres.
Ultimamente, temos intensificado nossos deslocamentos a pé, para melhor identificar pontos que precisam ser melhorados, não só em relação a calçada, mas também no convívio entre quem caminha e demais personagens do trânsito.
Podemos atestar que a convivência não é muito tranquila, e olha que até o momento a cidade em que tenho residência não recebeu os famigerados equipamentos individuais de mobilidade autopropelidos - EIMA, ou, patinetes elétricos para facilitar a compreensão.
Apontar as irregularidades nas calçadas como o primeiro obstáculo a ser enfrentado pelo pedestre é ir para o lugar comum. Buracos, desníveis, degraus, raízes de árvores, e até mesmo pisos escorregadios para determinados tipos de calçados enfrentamos.
Em alguns casos, em locais em que há ciclovias, pedestres passam a utiliza-las ao invés das calçadas, para que o deslocamento seja "seguro", mas aí passamos a vivenciar problemas entre pedestres e ciclistas, e nesse aspecto o risco também existe.
Outro dia em uma calçada úmida, talvez por conta de um verniz aplicado ao concreto (por sinal uma calçada nivelada como poucas), o solado do tênis parecia tocar o gelo.
Por muito pouco não sofri uma queda, justamente onde existia uma das melhores calçadas. Imagino que alguma outra pessoa deve ter passado pelo mesmo problema, isso se não tiver caído.
Mas temos também outros fatores que saltam aos olhos. O principal deles são os acessos para postos de combustíveis.
Calçadas de postos de combustíveis podem ser um risco para o pedestre desatento.
A Resolução número 38/1998 do Conselho Nacional de Trânsito - CONTRAN estabelece que as entradas e saídas dos postos de combustíveis deverão ter identificação física, com rebaixamento da guia (meio-fio) da calçada, deixando uma rampa com declividade suficiente à livre circulação de pedestres ou pessoas portadoras de deficiência.
Determina ainda que as entradas e saídas serão obrigatoriamente identificadas por sinalização vertical e horizontal, bem como nos rebaixamentos serão aplicados zebrados nas cores preta e amarela.
Tudo muito bem definido para garantir segurança para os condutores e evitar conflitos com pedestres.
Entretanto, o que se observa na grande maioria dos postos é um excesso de preocupação com o acesso para os veículos e quase nula com os pedestres.
Vários estabelecimentos possuem toda testada com guia rebaixada, sem a sinalização estabelecida pelo CONTRAN, fato esse que em um dos dias quase nos tornou vítima de uma atropelamento por conta de um condutor de um VW/Fox que do nada resolveu sair da faixa central da avenida e na velocidade que transitava, entrou no posto, bem onde eu estava a caminhar.
Pensam que o indigitado condutor pediu desculpas, se lamentou com o quase ocorrido? Nem deu bola, seguiu com seu veículo até a bomba de abastecimento.
Talvez se no tal estabelecimento o acesso fosse restrito, esse fato poderia ser evitado.
Outro ponto de atenção para quem caminha é a vegetação, ou parte dela.
Vegetação que encobre o pedestre e os veículos. Quase acidentes são frequentes.
É importante que ela venha a existir para que a cidade se torne mais verde, árvores ajudem no conforto ambiental, térmico, mas é preciso que os órgãos ou entidades executivos de trânsito estejam atentos para eventuais riscos para a segurança que elas venham a provocar.
Em alguns casos, a vegetação densa utilizada em canteiros centrais de avenidas, por exemplo, pode encobrir um pedestre que esteja para atravessar a via, ou prejudique a visão deste para o fluxo de veículos.
Na foto que ilustra a postagem, existe essa dupla dificuldade, justamente em um local que possui uma travessia de pedestres semaforizada.
Ah, mas esse local apresenta segurança pela semaforização. Sim, correto, no entanto, na altura que a vegetação se encontra, o pedestre tem dificultada sua visualização, e quando um veículo avança o sinal vermelho, um desrespeito comum em nosso país, se o pedestre não estiver atento, pode ser vítima de um atropelamento.
Zelar pela segurança de todos é essencial, independentemente do modal, na qualidade de pedestre, enfim, todos tem direito ao trânsito em condições seguras.
Portanto, sempre que se deparar com uma condição irregular, de risco, leve para o conhecimento das autoridades, para que na medida do possível uma mobilização venha a ocorrer e o problema seja resolvido.
Se o pedido será atendido é uma outra questão, mas ao menos o registro constará e não poderá ser alegado o desconhecimento.
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